Maria de Fátima B. M. Barbuto
A oração de repetição é muito importante para quem deseja crescer na busca da vontade de Deus e estreitar o relacionamento pessoal com Ele. Ela ajuda a perceber aquilo que é constante na ação de Deus na vida, reconhecer as graças que Ele concede, e as marcas, o “fio de ouro” pelo qual Deus está conduzindo a pessoa.
Santo Inácio fez uma experiência de Deus profunda, e foi necessário tempo. O crescimento espiritual requer voltar-se sobre as experiências anteriores e tirar delas o maior proveito possível, deixar que elas criem raízes no coração, pois “não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas internamente” [EE 2].
Sentir e saborear as coisas reforça o afeto por Jesus. Repetir ajuda a sentir e saborear mais aqueles momentos fortes experimentados na oração, propicia o tempo necessário para que a Palavra de Deus se encarne na vida cotidiana.

Na 2ª Semana Santo Inácio propõe que se faça 5 momentos de oração a cada dia: os dois primeiros com matéria nova, os dois seguintes com repetições, e o 5º uma aplicação dos sentidos, que, na realidade, é uma repetição mais centrada e afetiva.
A oração de repetição faz retornar à moção mais forte da oração anterior; a matéria não é todo o texto já rezado, mas centra-se no(s) ponto(s) que mais tocou o coração, seja de consolação ou de desolação. É um processo de aprofundamento, decantação, interiorização.
No EE 62 Santo Inácio diz para repetir o 1º e o 2° exercícios, dando especial atenção e detendo-se nos pontos em que tenha sentido maior consolação ou desolação ou maior gosto espiritual”, e mais a frente retoma o tema dizendo: “…far-se-á a repetição do 1° e do 2° exercício, insistindo sempre nas passagens principais, em cuja meditação o exercitante encontrou luz, consolação ou desolação” [EE 118].
A oração de repetição é fundamental na metodologia dos EE. Santo Inácio diz que é necessário deter-se no ponto em que Deus dá mais clareza, sem pressa de passar adiante [EE 76]. Deus não se repete e é coerente. Repetir não é refazer a oração, mas sim discernir o que foi mais forte e saborear, aprofundando, demora-se sobre os sentimentos mais significativos da experiência anterior, e permitir que Deus se revele cada vez mais a você, crescendo em intimidade, simplesmente colocar-se em Sua presença, em ir discernindo as moções, reconhecendo a manifestação do Ressuscitado.
Passos para a oração de repetição
- Trazer à memória o que foi central/mais forte na oração anterior.
- Preparar a oração, tendo como matéria este(s) ponto(s).
- Fazer os preâmbulos de costume.
- Contemplar, meditar ou rezar (3º modo de oração) o ponto escolhido, sem forçar para tirar frutos, sem pressa, gratuitamente (Há algo novo? Mais clareza? Confirmação? Novos questionamentos?…)
- Fazer o(s) colóquio(s). Encerrar como de costume. Revisar a oração e anotar.