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A beleza que mora no vazio  

  • 18/09/2025

Lilian Carvalho | Núcleo Inaciano de Belo Horizonte – Pe. Ulpiano SJ  

É maravilhoso sentir como Deus toca minha alma com sinais de ternura, amor e beleza. Com olhos sensíveis, vejo o caminho percorrido até este ponto da trajetória da minha existência. Sinto a presença verdadeira do meu Senhor conduzindo-me com carinho pelos caminhos deste mundo, no Jardim do Coração.  

Muitas vezes, sinto-me perdida nos excessos. Excesso do ter, do saber, do aparecer, do poder. Excesso de pensamentos e informações que vão se ajuntando em prateleiras enormes, coloridas e iluminadas, sempre a nos atrair para o caminho mais fácil. Excesso de pensamentos que, aos poucos, deturpam o verdadeiro significado da busca, do sentido da vida, do amor e de Deus. Excessos de um mundo que nos sufoca e tantas vezes nos escraviza.   

Na infância, algumas vezes, acompanhei meu pai ao trabalho no supermercado da Cooperativa do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-MG). Depois da aula, gostava de ir para lá, só para ficar mais perto dele. Enquanto meu pai trabalhava, eu o ajudava em alguma coisa que criança pode fazer. À noite, acabava sonhando que estava num grande supermercado. Ao passar perto das prateleiras, sentia medo e com cuidado ia contornando os corredores para não jogar nada no chão. Mas era inevitável. Era como se as prateleiras me atraíssem e, quando menos esperava, as garrafas estavam no chão. Vidros quebrados, latas rolando, e eu, envergonhada, chorava buscando encontrar o olhar de meus pais.  

 Esse sonho de criança, hoje, me faz compreender um pouco a vida do mundo de “gente grande”. Temos muitos conceitos de felicidade, Deus, amor, colocados de forma atraente em grandes prateleiras e a eles rotulamos como verdades. Ao nos aproximar da vida real com suas surpresas, das relações interpessoais, nem sempre fáceis, conceitos ilusórios caem ao chão, machucamos as mãos e o coração que tanto se esforçam para atingir a alegria e o sucesso na vida. Olhamos ao redor buscando alguém que nos ajude, mas encontramos olhares que aprisionam nosso sofrimento no injusto e inadequado hábito de julgar. Nessa hora, nos sentimos solitários e tomamos consciência de que escolhemos o caminho errado. Começamos então uma busca interior que nasce de um desejo profundo de encontrar o verdadeiro sentido da vida.   

É no simples fato das mãos machucadas estarem vazias, dos pensamentos terem chegado ao nada e não explicarem o sofrimento que sentimos, que a experiência do amor de Deus se faz mais intensa e profunda. Dom Aloísio costuma ensinar que “Deus está mais perto de onde a vida está mais fragilizada, mais ameaçada”. A alma que chora o vazio, despojada do excesso do mundo, de certezas e verdades pessoais, encontra-se cheia do pleno, que é Deus. E é assim que temos oportunidade de viver a verdadeira alegria e descobrir que o único olhar que realmente nos encontra no mais profundo de nós mesmos e devolve o encantamento da vida é do Criador.  

Ao perdermos nossas ilusões, perdemos o medo de perder, desapegados de tudo e todos, chegamos ao vazio e encontramos o pleno. É o que Santo Inácio quer dizer com a “indiferença inaciana”, que nada tem a ver com o sentido que damos a essa palavra hoje, mas tem a ver com desapego, com liberdade interior. Para Inácio, não há escolha possível se estivermos apegados interiormente. Deus nos fez seres livres e, nos Exercícios Espirituais fazemos um caminho com Jesus para, aos poucos, nos libertarmos dos afetos desordenados para só nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo. Para isso, há de se cultivar momentos de silêncio e solidão na presença do Senhor. Há de se acolher, de abraçar nossas dúvidas, medos e vazios olhando nos olhos de Deus. Há de se recordar a sabedoria das crianças, que brincam sozinhas imersas no doce encantamento de existir. Criar na rotina momentos para se descobrir diante da Palavra de Deus, de discernir o que é essencial e o que é supérfluo para saber escolher e buscar uma vida mais simples, isso é abrir espaço para Deus realmente fazer parte da nossa existência. Em nosso vazio podemos sentir que, na verdade, estamos plenos de Deus, pois “nEle vivemos, nos movemos e existimos (At 17,28)”. Deus não pode ser definido, porque defini-Lo é aprisioná-Lo a um pensamento, é colocá-Lo na prateleira do mundo.   

Cristo nos revela quem é Deus nos conduzindo à experiência pessoal do seu Amor e misericórdia. Jesus veio nos ensinar a amar. Sua vinda está envolta em simplicidade. A casinha de Nazaré, onde Ele passou a maior parte da vida, mostra, mesmo no silêncio, no vazio das Escrituras, o valor fundamental das relações e da simplicidade na existência humana. Ele mostrou que a sabedoria divina foi revelada aos pequenos, aos pobres, despojados de excessos e disponíveis para Deus.  

Palavras podem ser mais que conceitos; em mim são orações. Amor, Beleza, Vazio, Silêncio, Simplicidade, Mistério, Compaixão, Vida, Perdão são Orações. Despojando-nos dos excessos do mundo, vamos mergulhar confiantes na plenitude de Deus que habita nosso ser. Vamos deixar Deus ser Deus em nós. A oração inaciana nos conduz a acolher a revelação que Ele nos proporciona no processo gestacional de nos fazer ser quem realmente somos.   

Ser Cristão, viver os valores de Jesus de forma autêntica não é fácil, é luta diária nesse mundo de excessos. E como é bom poder contar com os ensinamentos de Santo Inácio para discernir espiritualmente sobre todas as coisas e cada passo nessa travessia surpreendente da vida rumo à morada eterna. Mesmo tateando, vacilando é no processo que se desvela o sentido e o encantamento que preenche o vazio do nosso ser e nos transforma em presença vazia de palavras, de julgamentos, mas pessoas com o coração e o olhar repletos de amor para acolher a beleza que mora no sagrado de cada irmão.   

(Para contemplar: Lc 18, 18-23) 

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