
Neste artigo, teremos como objetivo reconhecer e explorar alguns dos sinais da presença de Deus na vida de Inácio de Loyola, que se refletem em sua maneira de conceber e realizar a missão da Companhia de Jesus, por exemplo, na educação.
Para melhor compreender todo esse processo, vamos começar esclarecendo a diferença entre a pedagogia inaciana e a pedagogia jesuíta. Na tabela abaixo, podemos identificar as características de cada uma dessas pedagogias e suas diferenças entre si. Os dados foram extraídos do DEIi.

Analisando a tabela acima, podemos perceber que a pedagogia jesuíta é fundamentada no carisma da Companhia, regida por suas Constituições e, claro, aprovada pela Igreja. A pedagogia inaciana é a vivência pessoal e/ou comunitária de uma espiritualidade inspirada na vida de Santo Inácio de Loyola, que foi traduzida nos Exercícios Espirituais, onde outras pessoas, que não são jesuítas, podem compartilhar a missão nas obras educativas da Companhia, sem necessidade de um compromisso jurídico, na instituição religiosa, mas que são convidadas a levar em sua missão educativa os traços dessa experiência com a espiritualidade inaciana.
A Companhia de Jesus, pelo seu caráter institucional, necessita da aprovação da Igreja, para que possa exercer o seu carisma, que é confirmado e atualizado, ao longo do tempo, pelos papas, dos quais poderíamos destacar que,
“Em sua bula de 1576, Salvatoris Domini, Gregório XIII renovou os privilégios concedidos por todos os seus predecessores, Paulo III, Júlio III e Pio IV. Ele justificou seus favores pelos frutos espirituais que a Companhia produziu na vinha do Senhor, in vinea Domini, em quase todo o universo, in toto fere orbe. Pois bem: os meios que ela utiliza, – diz o Papa -, são de dois tipos: alguns, comuns a todo o sacerdócio católico, limitam-se à prática dos sacramentos; outros, muito especialmente próprios da Companhia, são os colégios, onde se ensinam letras, filosofia e teologia. Notemos que aqui a teologia é indicada como a culminância final dos estudos”ii.
É interessante notar que Gregório XIII, em sua bula papal, afirma que os colégios são um ministério próprio da Companhia de Jesus. “A esse respeito, ele acrescenta que a obra dos colégios, assim entendida, remonta à primeira fundação da Companhia de Jesus; que se deve a uma vocação divina; que é um grande benefício de Deus e um tesouro espiritual para a Igreja”iii. Assim, a missão educativa da Companhia é confirmada pela Igreja e, com isso, ganha força ao longo do tempo, mas
“Os Colégios para a formação de jovens não jesuítas não constam nas bulas de fundação da Companhia de Jesus, mas foram rapidamente aceitos como ministério prioritário, dada a convicção de que a formação da juventude era um meio indispensável para alcançar a maior glória de Deus e o bem das almas. Em Gandia, em 1546, os alunos leigos começaram a frequentar aulas juntamente com alunos jesuítas”iv.
A modo de conclusão, podemos dizer que o conceito de missão educativa na Companhia de Jesus mudou ao longo do tempo, pois o objetivo principal de Inácio para a Companhia era estabelecer uma ordem missionária que exercesse vários ministérios, o que a princípio seria prejudicado pelo apostolado educacional institucional e estável. Além disso, para uma ordem que vivia de esmolas, da providência de Deus e pregava na pobreza, manter uma escola não era uma tarefa fácil.
[1] Gabriel Codina. «Pedagogía Ignaciana», en Diccionario de Espiritualidad Ignaciana, Grupo de Espiritualidad Ignaciana (ed.), Bilbao – Santander: Mensajero – Sal Terrae, 2007, 1426.
[1] [1] Francisco Charmot. La pedagogía de los Jesuitas sus principios-su actualidad. Madrid: Sapientia, 1952, 15.
[1] Francisco Charmot, 16.
[1] Manuel Revuelta. «Colegios», en Diccionario de Espiritualidad Ignaciana, Grupo de Espiritualidad Ignaciana (ed.), Bilbao – Santander: Mensajero – Sal Terrae, 2007, 335.