Maria de Fátima B. M. Barbuto
“Se abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do amor de Deus,
que desperta no coração a esperança segura da salvação em Cristo.” (Bula, §6)
Papa Francisco nos provoca continuamente com suas falas e ações. Que bom! Só quando somos provocados nos desinstalamos, e uma vez desinstalados, temos a oportunidade de refletir, de nos apropriarmos do que é positivo, aprofundando o que é bom, e também de deixar o que não é tão bom, rever e mudar o modo de pensar e agir, converter o coração.

Peregrino se origina de peregrinus (per + agere – viajar longe), que significava estrangeiro, uma pessoa que vem de terra distante; depois passou a designar viajantes (pereger) e por fim, designa pessoas que caminham para um local sagrado. Ser peregrino, portanto, é estar a caminho, em movimento, tendo um objetivo, um destino.
A Bula papal Spes Non Confundit1 (A esperança não engana) nos apresenta a realidade do mundo, recorda o imenso amor de Deus por todos e nos convida a viver o Ano Jubilar 2025, com o lema “Peregrinos da esperança”, refletindo sobre nossa espiritualidade e nossas relações.
A esperança, do latim spes, significa confiar em algo bom, positivo. Esperança é o ato de esperar; expectativa na aquisição de um bem que se deseja; aquilo que se espera, desejando2.
Biblicamente, é a expectativa do cumprimento da promessa; confiança em Deus. O cristão é chamado a esperar a realização das promessas, colaborando com a construção do Reino, colaborando na missão iniciada por Jesus Cristo.
A esperança é a segunda das três virtudes teologais, simbolizada por uma âncora ou pela cor verde; ela nos faz aderir a Deus enquanto Bondade perfeita, isto é, fim supremo da pessoa humana3. A âncora fixa a embarcação em local seguro, estabiliza-a em tempestades. Sua forma remete à cruz.
Esperança não é algo “passivo”, “sentar e aguardar”, trata-se de uma espera ativa, que envolve conhecimento, discernimento e busca constantes. Esperar em Deus, conhecê-lo sempre mais intimamente, através da escuta da Palavra, da oração, da participação na Eucaristia, na vida comunitária, sendo presença no mundo, servindo ao próximo, onde O encontramos.
Os noivos, os religiosos e consagrados fazem votos, prometem fidelidade, na esperança de os cumprirem, na certeza do amor que experimentam no presente. Tanto amor transborda, nos outros, no serviço, na missão. O amor vem de Deus, que nos amou primeiro e nos leva a Ele. Como está sua peregrinação? Como está sua esperança? Peregrinemos na vida, como sonhada por Deus, na esperança que anima a fé e alimenta a caridade.
1 https://www.vatican.va/content/francesco/pt/bulls/documents/20240509_spes-non-confundit_bolla- giubileo2025.html
2 MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa in https://michaelis.uol.com.br/moderno- portugues/busca/portugues-brasileiro/esperan%C3%A7a/ verbete esperança.
3 Cf. LA BROSSE; HENRY; ROUILLARD. Dicionário de termos da Fé. Santuário: Aparecida, verbete esperança.