"Quem quiser reformar o mundo comece por si mesmo."

Santo Inácio de Loyola

PRINCÍPIO E FUNDAMENTO PARA A BUSCA DE SENTIDO, À LUZ DE JESUS CRISTO

*Wêdja Domingos de Melo

Resumo

Este trabalho abordará um panorama do Princípio e Fundamento da Espiritualidade Inaciana com um olhar voltado para a subjetividade em busca de sentido, tomando por modelo Jesus Cristo, visto aqui como homem livre, referencial para toda pessoa que busca uma vida com sentido e coloca essa mesma vida a serviço dos semelhantes. O mesmo partirá de uma pesquisa bibliográfica, em autores que aprofundam o tema, como FRANKL, 2008; HAIGHT, 2015; ALEIXANDRE, 2000; BREEMEN, 1996; PALAORO, 1992; GOPEGUI, 2005. E dirige-se a todas as pessoas que apresentam interesse por leituras profundas, que as leve à reflexão e as ajude no processo de autoconhecimento.

Observando o contexto da sociedade atual, percebe-se a busca de sentido por parte das pessoas. Logo, o Princípio e Fundamento da Espiritualidade Inaciana poderá servir como instrumento para ajudá-las a se darem conta do “para quê” foram destinadas a fazerem e “a quê” foram designadas a serem. Pois é notório que o ser humano busca respostas para o seu anseio mais profundo: sentido. 

Nesse contexto, parece oportuno realçar a figura de Jesus Cristo como um homem que possuía profunda liberdade interior e que atribuía sentido à sua vida. Ele não necessitava apoiar-se em coisa alguma como meio de autoafirmação; não precisava acumular ou fazer reservas de coisas que lhe dessem a sensação de estar garantindo os meios para a própria sobrevivência. Sua confiança estava naquele que conhece as necessidades de cada ser humano: o Pai.

A confiança, que se expressa também através do amor, pode dar sentido à pessoa que ama. Pois o amor é capaz de fazer nascer o melhor da pessoa amada. E o fato de ser amado/a é fundamento da existência humana. A pessoa que tem a consciência de amar e ser amada é alguém que se sente com raiz. Expressando, portanto, segurança, equilíbrio, vitalidade. Percebe-se geradora de vida, em todas as suas relações. 

Palavras-chave: Princípio e Fundamento. Jesus Cristo. Sentido de Vida.

Introdução

O presente artigo apresenta o Princípio e Fundamento da Espiritualidade Inaciana, com enfoque no ser humano em busca de sentido, cujo modelo é Jesus Cristo, homem com sentido. A escolha do tema desse artigo se deu pela observação da vontade e busca de sentido que todo ser humano tem. E por perceber que o Princípio e Fundamento da Espiritualidade Inaciana, ou seja, deixada por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, apresenta pistas que podem ajudar a encontrar esse sentido que tanto almeja.

Embora o artigo tenha um viés cristão, nada impede que leitores que professam outro credo e independente do seguimento religioso sejam beneficiados pelas ideias aqui apresentadas. Com uma linguagem simples e profunda, o trabalho é destinado para pessoas que buscam o autoconhecimento e crescimento. Que não se acomodam, mas estão abertas a mudanças, desde que estas as ajudem a serem pessoas que vivem com discernimento, que tomam decisões visando não apenas o seu bem mas a harmonia com os seus semelhantes e que estão descobrindo o valor do momento presente.

O Princípio e Fundamento faz questionamentos sobre a consciência que a pessoa tem de si e o uso que faz das coisas criadas, interpelando para a indiferença em relação a estas. Orienta sobre a aceitação do fato de ser aceita por Deus. Bem como, serve de ferramenta na busca de ordenar os seus afetos. Enfim, ele toca em aspectos muito subjetivos do ser humano, ao que se faz necessário um exercício contínuo e refinado da própria sensibilidade.

  1. Princípio e Fundamento

Na busca sincera e constante de sentido, em um contexto subjetivo que o ser humano está inserido, é possível notar que existe uma finalidade para a sua existência. Em seu itinerário de integração humana e espiritual, Santo Inácio de Loyola intuiu que toda pessoa humana possui um Princípio e Fundamento. E compreendeu que esta somente se sentirá plena, ou seja, fazendo a própria experiência de salvação, se viver com essa consciência.

Na Espiritualidade Inaciana, quando se fala em Princípio e Fundamento, é possível remeter-se a três experiências profundamente humanas e, consequentemente espirituais: 1º O ser humano é amado por Deus e sente-se interpelado aceitar esse fato, bem como, a corresponder, a esse amor, amando; 2º O ser humano busca ordenar os seus afetos e fazer uso de todas as coisas criadas com discernimento; 3º O ser humano é conduzido à indiferença inaciana (liberdade interior), não preferindo senão aquilo que mais contribui para chegar ao fim para o qual é criado/a, a fim de salvar-se.

O Princípio e Fundamento de Santo Inácio de Loyola, que dá origem a inúmeras reflexões e incontáveis obras, inclusive tentando interpretá-lo e contextualizá-lo. E é fruto de uma profunda experiência de fé, enraizada na esperança. O mesmo também poderá constituir fonte de sentido. Este, na Espiritualidade Inaciana, está como porta de entrada para os Exercícios Espirituais. Segue-se, portanto:

“O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e assim salvar a sua alma. E as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, a fim de ajudá-lo a alcançar o fim para que foi criado. Donde se segue que há de usar delas tanto quanto o ajudem a atingir o seu fim, e há de privar-se delas tanto quanto dele o afastem. Pelo que é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da escolha do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido. De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo apenas o que mais nos conduzir ao fim para que fomos criados” (LOYOLA, Inácio de. EE 23).

Para Santo Inácio de Loyola, existe um fim para a existência de cada ser humano. E todas as coisas criadas devem ser por ele usadas com discernimento, como meios, para chegar a esse fim. O que implica o desenvolvimento da liberdade interior, fruto do amadurecimento humano e espiritual. Bem como, muito ajuda a experiência pessoal do amor de Deus, a fim de que se queira e escolha aquilo que mais conduza para Ele e para o seu projeto salvífico. Sentir-se amada é, portanto, um dos maiores desejos da pessoa humana e condição básica para que esta seja amável. Amando alguém, a pessoa experimenta que sua vida tem valor e experiencia a própria vida desenvolvendo-se. O amor é, portanto, constituinte. 

Na subjetividade moderna, é notório que o ser humano busca respostas para o seu anseio mais profundo: sentido. E, aos poucos, percebe que não são coisas, tarefas, pessoas, títulos, papéis, ideias, entre outros, que darão sentido à sua vida. Há algo muito maior e mais profundo que o impulsiona a viver, a sonhar e a empreender o seu tempo, as suas emoções, as suas energias, a sua razão. É então quando se percebe pertinente o Principio e Fundamento.

A inclinação natural que todo ser humano tem pelos atrativos do prazer, do ter e do parecer, sobretudo em um momento histórico em que a insatisfação domina o interior de muitas pessoas. Como também, perante a dificuldade de encontrar o sentido da própria vida, a pessoa, cada vez mais distraída e distante de si, confunde o fim de sua existência com os meios que deve utilizar para realizá-lo. Com isso, passa a fazer uso das coisas criadas de maneira desordenada e egoísta. Dessa maneira, vai se distanciando da sua finalidade última enquanto criatura, da sua verdadeira realização, da sua comunhão com Deus e com os seus semelhantes. Em tal circunstância, é interpelada por Deus a fazer uso das coisas com discernimento e de modo ordenado, sem apego afetivo, sem “aderência do coração”, e a ser solidária. Dentro da perspectiva inaciana, trata-se de viver na busca constante do fim para o qual foi criada, que consiste, essencialmente, em louvar, reverenciar e servir a Deus e, assim, salvar-se. Nesse sentido, afirmou Gopegui:

“O reto uso das coisas criadas é consequência lógica da vocação humana. Uma questão de bom senso: os meios são para o fim. Todas as coisas criadas, tudo, fora do ser humano, são meios. Riqueza, conforto, prazer convertidos em fim não podem trazer senão frustração e desgraça. Aí está a raiz de tanta injustiça, de tanta desordem no mundo. O plano de Deus às avessas! O ser criado para viver em comunhão, que só pode entender-se corretamente a partir de Deus e do irmão, tem a pretensão de compreender o mundo a partir do próprio eu erigido em senhor absoluto e soberano. Todos nós, em lugar de usar as coisas como  todos os homens possam realizar este fim, fazemos, tantas vezes, das coisas, fins“.

De fato, é questão de bom senso a convicção de que coisas criadas são meios e não fins para louvar, reverenciar e servir a Deus. Como também, que as coisas criadas jamais exercerão o papel de satisfazer a vontade de sentido que existe no ser humano. As coisas existem para o uso da pessoa humana e não para ser posta como fim de sua existência, cujo Absoluto é Deus. E este deve ocupar o centro, ser o motivo para a busca de colocar meios e fim em seus devidos lugares. Para que Deus não ocupasse um espaço tão distante do ser humano, resolveu, em Jesus Cristo, encarnar-se, tornar-se gente, viver a experiência humana. E este é protótipo de ser humano com sentido.

  1. Jesus Cristo, Homem com sentido

Jesus Cristo possuía profunda e verdadeira liberdade interior, que se expressava, particularmente na qualidade de seus relacionamentos, sendo e expressando, portanto, ser um homem com sentido. Assim, não necessitava apoiar-se em coisa alguma como meio de autoafirmação; não precisava acumular ou fazer reservas de coisas que lhe dessem a sensação de estar garantindo os meios para a própria sobrevivência. Sua confiança estava naquele que conhece as necessidades de cada ser humano e vai ao encontro delas. E essa deve ser a busca de todo ser humano.

A ansiedade de possuir é, no fundo, outra forma de medo de que necessitamos ser libertados. Possuir, acumular, guardar… são uma forma de proteger e ocultar nosso próprio desvalimento. 

Jesus, enquanto Homem com sentido, sabia colocar as coisas criadas nos lugares a elas destinados. Antes de ser reconhecido como Senhor da humanidade, por ser Deus, sabia ser senhor de si. Escolheu a pobreza frente à riqueza, realidade tão bem experienciada e anunciada por São Paulo em sua Segunda Carta aos Coríntios: “Vós conheceis a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sendo rico, se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer” (2Cor 8, 9).

Bem como, aceitou a condição humana, respeitando o livre arbítrio daqueles que, corrompidos pelo atrativo do poder, religioso e civil, o condenaram injustamente à morte. Condenaram-no ao tipo mais doloroso, humilhante e punitivo de morte existente naquela época: morte de cruz. Isso porque a sua vida e o seu modo de realizar a sua missão a serviço da vida provocava as autoridades de seu tempo. Seu fim era salvar. Esse era o sentido de sua vida. Se isso viria acompanhado da condenação que lhe “tiraria” a honra, enquanto pessoa, pouco importava.  Jesus não regateou, não voltou atrás. Ele é e será sempre um modelo a ser almejado e imitado. Esse sentido correspondia ao seu desejo mais profundo, e, no entanto, ordenado.

“Devemos tornar-nos indiferentes”. Porque muitas vezes temos apegos desordenados às coisas criadas, fazemos delas fins, em lugar de meios. A Indiferença é a graça da arrumação dos desejos, das tendências e dos sentimentos: uma tarefa para a vida toda. Devemos colocar-nos diante de Deus na verdade de nossos desejos, de nossas vontades, que em muitas coisas não estão plenamente ordenadas ao fim a que somos chamados. Com frequência queremos mais riqueza que pobreza, honra que desonra, antes mesmo de saber se isso é o melhor meio para o fim da criação. Nesse querer se esconde uma ilusão. No plano da lógica intelectual, as coisas estão claras. Mas o combate da indiferença se dá no campo dos desejos profundos, desorientado pelo pecado. Mudar esses desejos profundos é uma coisa que só pode ser feita por Deus, com nosso consentimento. 

Percebe-se que é urgente a necessidade de cada indivíduo encontrar, dentro de si, o próprio princípio e fundamento. As suas motivações mais profundas, o sentido para existir. As razões para a sua felicidade verdadeira, que independe de pessoas, fatos e circunstâncias. Um motivo real qual para o qual existir. Que o faça internalizar que não basta ter vida. É preciso viver com sentido. Ter um motivo para viver a cada novo dia. Ser alguém que faz a diferença no mundo. Ser alguém importante para as demais pessoas com as quais se relacionam. E, assim, ir orientando os seus desejos mais profundos e tantas vezes tão secretos, para o fim para o qual é criado.

Inácio de Loyola possuía o que muitas pessoas meditativas de nosso mundo não possuem: um primeiro princípio e fundamento sobre o qual possam construir sua vida 4.

Logo, Inácio também se torna referência de ser humano em busca de sentido. Alguém que perscruta o interior das coisas sabe viver a eternidade na transitoriedade dessa vida, que é tão bela, tão encantadora, tão rica em simbologia. Quando já havia percorrido um “longo caminho” místico, cheio de êxtase e gozo, assume como propósito de vida: “Em tudo amar e servir”. Descobre que o amor é a essência da experiência humana. Bem como, que o amor se dá mais em gestos que em palavras. Percebe que serviço é expressão de amor e fonte de sentido.

  1. O ser humano em busca de sentido

O amor é um dos mais nobres dos sentimentos e a sua expressão é de uma força extraordinária e até mesmo, vital. Todo ser humano precisa ter alguém para amar e com quem possa se abrir em confiança. No entanto, o primeiro alvo de amor é a própria pessoa. Cada pessoa deve exercitar-se na auto aceitação e auto apreciação, só depois ver-se-á apta para o amor verdadeiro a seus semelhantes, caminho seguro para relações profundas, que é um dos anseios mais profundos da alma.

É, portanto, através da experiência de amar e ser amado, que o indivíduo vai descobrindo o seu valor. Sentindo-se amada, a pessoa vai desenvolvendo o seu melhor, descobre as suas potencialidades e potencializa os seus valores e dons, descobre as suas habilidades e as libera em seus próprio benefício e, sobretudo, em prol do outro. Da experiência de amar e ser amado desenvolve-se as maiores ações de altruísmo. Logo, é possível a firmar que o amor é fonte de sentido. A esse respeito, afirmou Breemen:

O amor, somente o amor, pode justificar nossa existência. Quando alguém me ama verdadeiramente, experimento que minha vida tem valor. Também quando amo alguém minha vida se desenvolve. Meu valor pessoal talvez não seja constituído pelo fato de que sou amado e que amo, mas não há outras maneiras de revelar este valor a mim mesmo e experimentar que a vida é boa, que ela tem razão de ser e que vale a pena ser vivida 5.

O amor pode dar sentido à pessoa que ama. Pois o amor é capaz de fazer nascer o melhor da pessoa amada. E o fato de ser amado é fundamento da existência humana. A pessoa que tem a consciência de amar e ser amada é alguém que se sente possuindo raiz. Expressando, portanto, segurança, equilíbrio, vitalidade. Percebe-se geradora de vida, em todas as suas relações. E pode-se autodefinir como alguém que tem sentido.

Sentido de vida aqui se caracteriza pelo fato de “ter para quê viver”. Isso poderá ser uma pessoa, um ideal, um projeto, uma aspiração. E, assim, empenhará suas forças no intuito de torná-lo verdade manifesta. Algo que se acredita valer a pena desprender tempo e afeto. E todo ser busca sentido de vida, tem desejo de sentido. 

Um pensador que também se ocupou do tema sobre o sentido da vida foi o Psicólogo Viktor Frankl (1905-1997), iniciador da logoterapia. Judeu, preso em um campo de concentração nazista, observou que as pessoas que tinham um sentido na vida resistiam melhor ao horror do holocausto do que as que não a tinham. E o afirma com a seguinte expressão:

Uma vez que a busca de sentido por parte do indivíduo é bem sucedida, isso não só o deixa feliz, mas também lhe dá a capacidade de enfrentar sofrimento. 

Maior sentido tem aquele/a que cultiva uma vida espiritual, pois a espiritualidade é viver segundo o Espírito, tendo, portanto, uma maneira diferenciada de enxergar as pessoas, os fatos, as circunstâncias, o cotidiano. A pessoa que cultiva a espiritualidade vê a ação do Espírito em tudo: no cultivo de seus valores, em suas realizações, em seus atos de amor, entre outros. Essa pessoa se entrega mais livremente e com maior generosidade ao outro e às causas que acredita. E liberdade, nesse contexto, significa como capacidade de afeiçoar-se ao bem, de fazer escolhas com responsabilidade e capacidade de ir ao encontro do outro com amor, que se traduz também por respeito. 

Quando se trata de amor, dentro da Espiritualidade Inaciana, logo vem à mente o tema do Princípio e Fundamento, sempre tão pertinente. Nesse sentido afirma Adroaldo:

A experiência do Princípio e Fundamento nos leva ao encontro com Deus uma atitude de disponibilidade, de generosidade e de entrega livre à ação do seu Espírito; nos revela o Deus de Jesus Cristo, o Deus que está presente entre nós, providente, que sustenta a história de cada um e sustenta a criação toda, que está realizando o seu projeto em cada momento de nossa vida.

O Espírito, agindo no interior do ser humano, o coloca em contínua busca de intimidade com Deus e desperta a sua capacidade de amar, que é sinônimo de liberdade. Esse Espírito faz vim para fora um anseio profundo do ser humano, que é amar. E o verdadeiro amor se traduz mais em gestos, em obras que em palavras e em ideias. A pessoa que vai ordenando a sua vida para o amor, experiencia, dentro de si, uma paz tão profunda e uma felicidade tão intensa, que ilumina e dá sentido à sua vida. Despertando, inclusive, naqueles com quem se relaciona uma maravilhosa sensação de ser aceito, de estar em ordem por dentro também.

Considerações finais 

Cabe espelhar-se em santo Inácio de Loyola e desenvolver o próprio Princípio e Fundamento que, poderá servir de bússola, que auxiliará na chegada ao tesouro mais importante para todo ser humano: o seu interior. Lá estão a sua verdade mais profunda e as respostas às suas indagações mais secretas e subjetivas. Bem como, ao desejo mais profundo do seu ser. Conhecendo-se, o ser humano conhece a Deus. E esse conhecimento fará toda a diferença em sua existência. Descortinará a sua vida para novas possibilidades, o fará enxergar novos horizontes e o ajudará a ter sentido.

Com sentido, o ser humano desenvolve a liberdade interior e, consequentemente, percebe-se apto para amar e aceitar o fato de ser amado. Amando, sentirá um desabrochar de todas as suas potencialidades, talentos e virtudes. Descobre que possui um para quê viver. Que não se trata apenas de ter vida, mas de viver com paixão. Que se expressa também no seu corpo, lugar privilegiado para a experiência com Deus. Pois, o próprio Deus, descobrindo a importância e o valor do corpo, da carne, quis assumir essa condição ao tornar-se gente, pelo Mistério da Encarnação, em Jesus Cristo, que é e sempre será protótipo de homem com sentido.

Reconhecendo Jesus Cristo enquanto homem livre e com sentido, é mais fácil aproximar-se de ideal, de seguir o seu principal ensinamento, que se expressava por meio de suas palavras e ações: o amor. Bem como, se perceberá desenvolvendo algumas outras virtudes, que se desdobram do amor, particularmente: a generosidade, a disponibilidade, o altruísmo, a humildade e o sentido do outro.

*Wêdja Domingos é pedagoga, com especialização em Gestão educacional: espaço escolar e não escolar e especialização em Orientação e Acompanhamento Espiritual, Mestrado em Ciências da Religião, com pesquisa em Espiritualidade Inaciana. Leiga, que vive a espiritualidade inaciana.

Referências

ALEXANDRE, Dolores. Ícones bíblicos para um Itinerário de Oração. São Paulo: Loyola, 2000.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.

BREEMEN, Peter van. O pão repartido. Tradução de Francisco Van de Water. 2 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. Tradução de Maria Goretti rocha de Oliveira. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração. Traduzido por Walter O. Schlupp e Carlos C. Aveline. 25 ed. – São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 2008. 

GOPEGUI, Ruan A. Ruiz. Procurar e encontrar Deus no dia a dia por meio dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio. São Paulo: Loyola, 2005. 

HAIGHT, Roger. Espiritualidade cristã para buscadores: Reflexões sobre os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. Tradução de Maria Goretti Rocha de Oliveira – Petrópolis, RJ: vozes, 2015.

PALAORO, Adroaldo. A experiência Espiritual de Santo Inácio de Loyola e a dinâmica interna dos Exercícios. São Paulo: Loyola, 1992.